Wednesday, March 30, 2016

"queremos erradicar a corrupção, mas queremos a democracia de pé"



Jean Wyllys, do PSOL-RJ, chama todos para o ato contra o Golpe, no dia 31, em defesa da Democracia e contra a Corrupção
Posted by Jornalistas Livres on Tuesday, 29 March 2016
leitorinhas, é amanhã, dia 31 de março, a grande marcha a favor da democracia brasileira.

esse vídeo de jean wyllys é fenomenal porque ele explica os fatos históricos que nos trazem ao brasil de hoje, de uma maneira didática, clara e nada panfletária. outra coisa muito importante que jean lembra, tentando articular nossa desarticulada esquerda (aliás falei sobre isso no facebook na segunda-feira), é o que a ditadura brasileira fez e o que os governos conservadores fazem com movimentos sociais e grupos vulneráveis.

jean lembra que, caso o golpe seja bem-sucedido, os partidos de direita viram maioria em brasília e aí só quem sofre são os que já sofrem mais - pretos pobres da periferia, índios, mulheres, homossexuais. o estatuto do nascituro vai passar. os estatutos da família vão passar. a hedionda PEC 215 - saiba mais aqui - vai passar.

 para lembrar das atrocidades cometidas pela ditadura militar contra a gente - e eu digo "contra a gente" porque se é contra um de nós, então é contra a gente sim; é pessoal - deixo aqui quatro links importantes (das revistas geni, carta capital e , que tratam exatamente disso que jean disse:


1) LGBTS na ditadura militar
2) A militância feminista na luta armada
3) Como a ditadura perseguiu militantes negros
4) Ditadura criou cadeias para índios com trabalhos forçados e torturas

Monday, March 28, 2016

Sunday, March 27, 2016

dangerously in drogas


you got me looking so insulina right now
uh oh uh oh

Friday, March 25, 2016

resenha d'o martelo no suplemento pernambuco


para ler a crítica completa clica na foto :)







ps: o martelo está à venda em lisboa nas livrarias pó dos livrosletra livre, sr. teste e na fnac. para quem estiver no brasil e quiser comprar, dá pra encomendar por pay-pal. é só mandar email pra editora (miasoave@sapo.pt).

Monday, March 21, 2016

para um corpo que se apaga

hoje fiquei horas tentando me lembrar das coisas que vivi contigo. cavando na memória coisas de infância, cenas, cheiros, frases. não consegui me lembrar de nada direito, porque minha infância foi ruim e eu só tenho lembrança ruim haha veja só que merda, mulher.

só me vieram borrões, uns ecos, resquícios de qualquer coisa, um pé de jambo, um cachorro, uma casa meio escura, a praia, os anos 80 no brasil, a televisão ligada na globo. nem sei se eu fiz parte daquilo que julgo lembrar, ou estou me inserindo nalguma cena que alguém me contou, mas que eu nunca vivi. eu não estava lá quando tua irmã enfiou uma lagartixa na boca sem querer, e tu morresse de nojo. ou estava?

sei tu era meio disléxica e falava as coisas meio errado. tinha outro tempo, mais lento, que contrastava com o fogo interior da tua irmã gêmea; sei que tu gostava de reggae, de praia, do mar, sei que gostava de sopa mesmo se estivesse azeda (hahahaha que linda). sei que me chamava de ivinha, tinha os dentes perfeitos, o sorriso que se abria devagar, os dedos longos. mulher, tão pouco eu sei de tu, tanto mais eu podia saber, mas eu mesma estava ocupada fugindo dos meus fantasmas. e agora fica o mistério eterno da tua ausência.

mas eu tenho a vida inteira pela frente pra inventar memórias e vínculos, pra aprofundar meu amor por você, pra te inventar dentro de mim. sei também que muita gente perde você hoje mais do que eu te perco.

que sorte eu tive de me despedir de você, tu lembra? passei a tarde do teu lado jogada na tua cama, fofocando, falando merda, falando mal do povo, a gente conversou a tarde toda como duas adolescentes. tirando a fragilidade do teu corpo, a magreza, ocouroeoosso, tuas piadas rápidas e tua soberania, tua integridade moral não entregavam o câncer que ia fazendo o que um câncer is supposed to do.

a gente tomou água de coco na cama. tu dissesse: "minha vida virou de cabeça pra baixo". eu escutei humilhada de não saber que dor é essa que era a tua. e depois dissesse, hilária "eu tenho lá saco de pensar em botar brinco, passar batom? oxe" e eu morri de rir do teu abuso.

eu vou falar um negócio pra tu: eu nunca vi ninguém tão lindo como te vi naquele dia. eu falei isso pra todos os meus amigos, pra jacó. falei pra eles que tu mudou a minha vida. porque tu estava aberta ao teu destino. não havia nem beatice na tua confiança de ficar boa, nem havia pessimismo na forma como tu encarava a força de tua doença.

foi a coisa mais poderosa que eu vi na vida. uma pessoa frágil e forte, tudo ao mesmo tempo. humana, apesar do elemento desumano de uma doença. eu chorei muito depois, de emoção, porque te ver tão inteira foi uma revelação. eu nunca tive pena de você, porque você nunca inspirou pena.

a última vez que a gente se viu foi durante aquela chuva que deu em recife. caiu uma chuva que pareceu durar 4 anos. eu fui me refugiar na tua casa porque teu prédio tem gerador. eu queria tomar banho. a gente ficou na janela contemplando a cidade no escuro, em completo blecaute.

olhamos a cidade se apagar, juntas, e eu dormi na tua casa. no outro dia de manhã, quando eu fui me despedir bem dramática, cheia de dedo, tu dissesse: "xau, ivi, sem essa de despedida, deixa de frescura, vai timbora". e eu te obedeci, e me desse tanta força pra viver melhor. tu mudasse minha vida pra sempre.

num blecaute, não é porque deixamos de ver a cidade que ela deixa de estar lá. hoje as luzes do teu corpo se apagaram, prima, mas as luzes da tua presença vão ficar acesas para sempre.

que honra foi respirar o mesmo ar que você, minha filha. que honra. xau, minha querida, sem essa frescura de despedida, porque tu fica pra sempre dentro de mim.




chove em macondo from adelaide ivánova on Vimeo.

Tuesday, March 15, 2016

martelin querido



o martelo chegando na casa de matilda 


o martelo chegando em cima dos discos da bionça na minha casa








ps: o martelo está à venda em lisboa nas livrarias pó dos livrosletra livre, sr. teste e na fnac. para quem estiver no brasil e quiser comprar, dá pra encomendar por pay-pal. é só mandar email pra editora (miasoave@sapo.pt).


Monday, March 14, 2016

sobre o jornalismo

a resposta de lula enviada ao jornal nacional é, mais do que um direito de resposta, um comentário sobre a situação do jornalismo brasileiro - ou "mídia corporativa", ou "jornalismo de investimento", tem vários novos nomes. a globo se defendeu dizendo "a globo não é parte das investigações a que está sujeito o ex-presidente", mas quando é de sua coveniência, a emissora se vangloria sobre seu jornalismo "investigativo". uai...?

 o texto de lula:


Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, e minha mulher, Marisa Letícia, não somos e nunca fomos donos de nenhum apartamento tríplex no Guarujá nem em qualquer outro lugar do litoral brasileiro.

Meu patrimônio imobiliário hoje é exatamente o mesmo que eu tinha ao assumir a presidência da República, em janeiro de 2003. O apartamento onde moro com Marisa, e onde já morávamos antes do governo, e o rancho “Los Fubangos”, um pesqueiro na represa Billings. Ambos adquiridos a prestações. 

Também temos dois apartamentos de 70 metros quadrados que Marisa recebeu em permuta por um lote que ela herdou da mãe. Tudo em São Bernardo do Campo. Tudo registrado em nosso nome no cartório e na declaração anual de bens.

Esta é a verdade dos fatos, em sua simplicidade: entrei e saí da Presidência da República com os mesmos imóveis que adquiri ao longo da vida, trabalhando desde criança, como sabem os brasileiros.
Não comprei nem ganhei apartamento, mansão, sítio, fazenda, casa de praia, no Brasil ou no exterior.

Jamais ocultei patrimônio nem registrei propriedade particular em nome de outras pessoas. Nunca registrei nada em nome de empresas fictícias com sede em paraísos fiscais, artifício utilizado por algumas das mais ricas famílias deste País para fugir ao pagamento de impostos.

As informações sobre o patrimônio do Lula – verdadeiras, fidedignas, documentadas – sempre estiveram à disposição do Ministério Público e da imprensa, inclusive da Rede Globo. Estas informações foram deliberadamente ocultadas do público na reportagem do Jornal Nacional que apresentou as acusações do Ministério Público de São Paulo.

Eu não fui procurado pela Globo para apresentar meu ponto de vista. Ninguém da minha assessoria foi procurado. O direito ao contraditório foi sonegado.

Alguém se apropriou indevidamente do meu direito de defesa.

Não é a primeira vez que isso acontece e certamente não será a última.

Mas eu fiquei indignado ao ver minha mulher e meu filho sendo retratados na televisão como se fossem criminosos.

Mesmo na mais acirrada disputa política – e o jornalismo não está acima dessas disputas – nada justifica envolver a família, a mulher, os filhos, como ocorreu nesse caso.

Fiquei indignado porque, ao longo de 9 minutos, o apresentador William Bonner e o repórter José Roberto Burnier me acusaram 18 vezes de ter cometido 10 crimes diferentes; sem nenhuma prova, endossando as leviandades de três membros do Ministério Púbico de São Paulo.

Reproduziram ofensas, muitas ofensas, a partir de uma denúncia que sequer foi aceita pela juíza. E ainda por cima, denúncia de um promotor que já foi advertido pelo Conselho Nacional do Ministério Público, porque atuou fora da lei neste caso.

A Rede Globo me conhece o suficiente para fazer uma avaliação equilibrada das acusações lançadas por aquele promotor, antes de reproduzi-las integralmente pelas vozes de William Bonner e Roberto Burnier.

A Rede Globo recebeu, desde 31 de janeiro, todas as informações referentes ao tríplex, com documentos que comprovam que nem eu nem Marisa nem nosso filho Fabio somos donos daquilo. É uma longa e detalhada nota, chamada “Os documentos do Guarujá: desmontando a farsa”. Cheguei a abrir mão do meu sigilo fiscal e anexei a esta nota parte de minha declaração de bens.

Quando divulgamos este documento esclarecedor, o Jornal Nacional fez uma série de matérias tentando desqualificar o que estava dito lá. Duvidaram de cada detalhe, procuraram contradições, chegaram a distorcer uma entrevista do meu advogado. Quanta diferença...

Na reportagem sobre a denúncia do procurador, nada foi questionado. Tudo foi endossado e ratificado como se fosse absoluta verdade.

A Rede Globo sempre poderá dizer que estava apenas “retratando os fatos”, “prestando informações à sociedade”, “cumprindo seu dever jornalístico”.

Só não vai conseguir explicar ao povo brasileiro a diferença gritante de tratamento: quando acusam o Lula, é tudo verdade; quando o Lula se defende, é tudo suspeito.

Em 40 anos de vida política, aprendi a lidar com o preconceito, com a inveja e até com o ódio político.

Mas não me conformo, como ex-presidente desse imenso país chamado Brasil, não posso me conformar de ser comparado a um traficante de drogas, como aconteceu no final da reportagem.

Essa comparação ofensiva, injuriosa, caluniosa, não está nos autos da denúncia do Ministério Público.

Não sei quem decidiu incluir isso na reportagem, mas posso avaliar seu caráter.

Se esta mensagem está sendo lida hoje na Rede Globo é por uma decisão da Justiça, com base na Lei do Direito de Resposta, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidenta Dilma Rousseff no final do ano passado.

Esta lei garante que a Liberdade de Imprensa seja realmente um direito de todos e não um privilégio daqueles que detém os meios de comunicação.

É ela que nos permite enfrentar a ocultação de informações, a sonegação do contraditório, a falsidade informativa, a lavagem da notícia.

Estes vícios foram sistematicamente praticados pelos grandes veículos de comunicação do Brasil durante a ditadura e fizeram tão mal ao País quanto a censura, que abolimos na Constituição de 1988. A Rede Globo levou mais de 30 anos para pedir desculpas ao País por ter apoiado a ditadura, praticando um jornalismo de um lado só. Graças à lei do Direito de Resposta, não tenho de esperar tanto tempo para responder às ofensas dirigidas a mim e a minha família no Jornal Nacional.

Eu não estou usando este direito de resposta para me defender apenas, e a minha família. É para defender a democracia, o estado de direito e a própria liberdade de imprensa, que só é verdadeira quando admite o contraditório e respeita a verdade dos fatos.

Quando estes princípios são ignorados, em reportagens como aquela do Jornal Nacional, o maior prejudicado não é o Lula, é cada cidadão e a sociedade, é a democracia.

Sunday, March 13, 2016

a passeata de hoje não é legal pro brasil



esse post foi publicado pelo pablo villaça em sua página no FB. é um post informativo, com dados claros e fácil de ler, tipo um guia de porque a passeata de hoje não é legal pro brasil, independentemente de suas inclinações políticas - esquerda ou direita ou meio ou nada ou anarquista seilhá. essa passeata e as pessoas que a organizam têm uma agenda clara, que não é o fim da corrupção e sim desmantelar e derrubar um governo eleito democraticamente. lá vai:



Este post é uma tentativa de mostrar outra perspectiva àqueles que se encontram compreensivelmente perdidos em meio a tanto barulho. Não é voltado para aqueles que só sabem responde com "chola mais", "acabou a mortadela?" e similares, pois estes já se fecharam ao diálogo há muito tempo. O post é, enfim, para os MUITOS que são bem intencionados, veem o massacre da mídia todo dia e acham sinceramente que a manifestação do dia 13 é "apartidária", "contra a corrupção".

Ontem à noite, a PM de SP invadiu a sede de um sindicato que fazia ato em apoio a Lula; hoje, a sede da UNE amanheceu pichada. Houve também ameaça de incêndio contra o Instituto Lula e sedes do PT e do PCdoB foram atacadas em BH e SP.

Já estamos vivendo o fascismo.

O curioso é que os fascistas, numa inversão estratégica, afirmam que esquerda é que é violenta. Pois não estou vendo ataques ao Instituto FHC ou às sedes do PSDB e do DEM. (E NEM QUERO.)

Por outro lado, qual é a saída? Eles partiram para a violência e adotaram todas as táticas de intimidação possíveis, além de paralisarem o governo ao se recusarem a votar qualquer coisa no congresso que não seja o impeachment. A mídia, em paralelo, ataca a esquerda (e só ela) o tempo inteiro, transformando qualquer besteira em "evidências gravíssimas", ao passo que evidências gravíssimas contra a direita são tranformadas em trivialidades e esquecidas.

Não, a violência não é a saída. Mas a passividade também não. A esquerda não tem a visibilidade que a mídia oferece, mas não pode ficar invisível.

Pois bem: a oposição adora dizer que governa "responsavelmente" e que o "bem do país é sua prioridade". Mas não é isso que demonstra: que responsabilidade é essa que a leva a parar o país porque perdeu nas urnas? Graças à crise política, o país está parado. E aí a oposição diz que é porque o governo não age.

Ora, ora, ora. Vamos recapitular, então? Depois de perderem nas urnas, o PSDB e Aécio:

1) Disseram que houve fraude. Auditoria do próprio partido concluiu o oposto.

2) Pediram recontagem de votos. Depois voltaram atrás.

3) Pediram a cassação da chapa vencedora. Depois trocaram de estratégia.

4) Ajudaram a eleger Eduardo Cunha para a presidência da Câmara por saber que ele se opunha ao governo.

5) Passaram a lutar por impeachment.

6) Voltaram a tentar a cassação da chapa vencedora quando o impeachment perdeu força.

7) Desanimaram do impeachment no final do ano.

8) Na volta do congresso, decidiram reativar o impeachment.

9) Anunciaram que não votarão em mais nada antes de aprovarem o impeachment.

10) Passaram a tentar viabilizar o PARLAMENTARISMO (pois têm maioria no congresso e passariam a governar o país.).

11) Disseram que Dilma tem que renunciar para acabar com a crise política. Crise que eles mesmos criaram.

12) Anunciaram apoio formal à manifestação pelo impeachment.

Em resumo: para o PSDB, fazer oposição é tentar derrubar o governo eleito. Como disse um leitor no twitter, "o PSDB é a mãe no supermercado que deixou um filho na fila do TSE e outro na fila da Câmara. Onde andar mais rápido ele passa."

E por que insistem em pedir renúncia? Porque sabem que, constitucionalmente, não têm base para derrubar Dilma.

Mas será que eles acham que Dilma saindo tudo ficará numa boa? Dilma não é Collor. Este não tinha apoio ALGUM na população. Ora, se o povo não se calou nem quando os militares estavam torturando e matando, iria agora se calar diante de um golpe "branco"?

E então surgem alguns dizendo "Estamos vivendo a maior crise econômica da nossa História!".

É mesmo?! Ok, vamos ver se é:

O governo FHC apelou TRÊS vezes para o FMI (http://bit.ly/21opPXm) Em cada vez, FMI fez exigências que foram contra o interesse do povo e que foram atendidas pelo governo. A inflação no governo FHC NUNCA esteve "sob controle". Ao contrário, ela vinha SUBINDO quando ele saiu (http://bit.ly/21opZOr). O governo FHC abriu ZERO universidades públicas em 8 anos. E cogitaram fechar as federais. Na gestão FHC, a telefonia teve reajuste de 580%. Não, não é erro de digitação: QUINHENTOS E OITENTA. (http://bit.ly/21oqbNM).

O BNDES, no governo FHC, serviu para cobrir um rombo colossal nas contas da GLOBO, como comprovou o TCU (http://bit.ly/21oqzvB). Aliás, sob FHC, o BNDES deu 579 MILHÕES à Globo. Todas as outras concorrentes, JUNTAS, receberam apeans 229 milhões.

"Ah, mas NUNCA houve tanta corrupção quanto sob o PT!"

É mesmo, jovem?

A privataria tucana custou 100 BILHÕES ao país. O escândalo do Banestado, sob gestão tucana, custou 42 BILHÕES ao país. O do banco Marka, outros 2 bilhões. O Trensalão tucano, 570 milhões.

Aliás, nem o esquema na Petrobrás foi obra do PT. Ele já operava na era FHC. Sabe quem disso isso? O PRÓPRIO FHC: http://bit.ly/1R2uSbY

Mas sabem por que eles tentam dizer que a manifestação de amanhã é "contra a corrupção"? Porque esta é SEMPRE a tática pra derrubar governos. Fizeram a MESMA coisa com Getúlio em 54. Fizeram a MESMA coisa no Chile. Fizeram a MESMA coisa com Benazir Bhutto no Paquistão. A mídia e a direita insuflando a população contra um governo democraticamente eleito é uma das táticas mais velhas de golpismo. Vejam o documentário Manufacturing Consent. E A Revolução Não Será Televisionada.

Então sejamos francos. A luta não é "contra a corrupção". O propósito é derrubar o governo. Simples assim.

O mesmo Alckmin que vai sair amanhã pra protestar contra a corrupção é do governo do MERENDÃO e do TRENSALÃO.

O mesmo Serra que vai sair amanhã pra protestar contra a corrupção é aquele em cuja gestão surgiu a máfia das ambulâncias (sanguessugas).

O mesmo Aécio que vai sair amanhã pra protestar contra a corrupção é aquele em cujo governo os aviões do estado eram táxi de celebridade e em cuja gestão a verba publicitária para as empresas de sua família eram colossais. O do aeroporto na fazenda do tio.

Acabar com a corrupção? Não me façam rir. No governo PSDB, o procurador engavetava tudo. A PF não tinha verba nem independência. Nada era investigado; ninguém era punido.

E é por isso que o Noblat, jornalista que vem servindo quase como porta-voz do golpismo, tuitou ontem que é preciso derrubar logo Dilma antes que a Lava-Jato chegue em outros políticos.

Mas, por favor, não acreditem em mim. Vão até o Google e confirmem tudo o que falei. E então, com honestidade intelectual, reflitam sobre o que expus aqui.

Eu ainda acredito que argumentar racionalmente é a saída.




1964
foi assim que a ditadura começou
(o post original de villaça não tem essa foto)


Thursday, March 10, 2016

"o papel da imprensa no golpe"



"como esse país não tem memória, o que ficou na cabeça dos brasileiros foi a luta dos jornais pelo fim da ditadura e a abertura democrática" mas, como a própria maria helena capelato explica antes de dizer esse dizer, os jornais só passaram a se posicionar contra os militares quando eles começaram a perder os privilégios que tinham ou sequer ganharam os que achavam que ia ganhar (exatamente por terem, anteriormente, apoiado o golpe).

aí vem outra coisa crucial: o único jornal que não retirou seu apoio ao governo militar foi - adivinha - o globo.

vale a pena ver todas essa entrevista, eu aprendi muito.


{}


capa do estadão um dia depois do golpe de 64
"vitorioso o movimento democrático"
DEMOCRÁTICO, GENTCH!
de mo crá ti co
yes


em diálogo com o vídeo acima, dois artigos do marco zero. o primeiro é um editorial, publicado dia 5 de março, texto excelente, fácil de entender que relembra alguns momentos históricos para entender o atual.

e esse artigo de luiz carlos pinto, no mesmo site, que se chama "fim de ciclo", sobre o jornalismo brasileiro nos tempos atuais. pinto aponta para algumas questões importantes e o que me chamou a atenção foi o novo papel do judiciário, que desempenharia um papel fundamental num novo tipo de golpe, que não mais se daria com tanques na rua.

As referências ao último período de exceção ainda estão muito evidentes e claras no Brasil – na estrutura herdada da Polícia Militar, na opção pelo transporte rodoviário, na entrada canhestra, tutelada e sem soberania nas lógicas do capitalismo monopólico, no maior oligopólio das comunicações do mundo. E também na densa articulação dos personagens que tornaram aqueles 21 anos possível: os maiores grupos de comunicação comercial, uma certa sociedade civil organizada (financistas, comerciantes, industriais) e os setores mais conservadores das forças armadas montaram uma megaestrutura formadora de opinião pública, cara e bem articulada.

 Mas eles não contavam com o Judiciário. O Golpe civil, midiático e militar de 1964 não contava com o Judiciário como front nem como elemento de suspensão da ordem democrática e de formação da opinião pública. Esse talvez seja o principal elemento da ação em curso no Brasil de 2015/2016.


e mais pra frente:

Para que o golpe de 1964 fosse possível, foi necessário o trabalho árduo e contínuo de dois think tanks financiados com capital norte-americano e tocados por uma aliança virtuosa e criativa entre certa sociedade civil e militares.



{}


na página que respeito demais jornalistas livres, tem um texto sobre a morte e vida em nada severina da lava jato, chamado "a lava jato está morta" hahaha é um textaço.

esse parágrafo, por ex., bastante simples, me pegou:

(...) o objetivo seria não o combate à corrupção mas sim a detenção de Lula?

(...) Vamos repetir: por dois anos, 24 meses, 730 dias, 17.520 horas de trabalho ininterrupto, exaustivo, intenso, uma multidão de promotores, investigadores, analistas e técnicos trabalhou para obter uma prova. Tudo foi vasculhado, revirado, esquadrinhado. Cada milímetro do mundo real e cada pixel do mundo virtual. Nada foi encontrado. Ou melhor, foi encontrado um pedalinho, um barco, e talvez alguma outra quinquilharia. E agora?

não é que lula seja culpado ou inocente - o problema é quando a motivação da investigação (para saber se ele é mesmo culpado) é mais questionada e mais questionável do que o crime que quer investigar. e quem diz isso não sou eu, feminazi maconheira abortista comunista vaipracuba de esquerda, e sim marco aurélio de mello, ministro do STF, que disse pra coluna da monica bergamo que “quando se potencializa o objetivo a ser alcançado em detrimento da lei, se para para o justiçamento". pois bem...

outro trecho ótimo:

Os promotores da Lava Jato, tentando reagir à unânime reprovação ao procedimento de condução coercitiva, acabaram por lançar uma nota infeliz, em que o debate público foi desqualificado como sendo “falsa controvérsia”, destinada apenas a lançar “uma cortina de fumaça sobre os fatos investigados”. Ou seja, chegamos a um ponto tal em que exercer o direito de pensar e opinar se tornou ofensa à Lava Jato. Direitos garantidos na Constituição, não esqueçamos.


falsa controvérsia HAHAHAH QUE BOSTA

muito bom esse texto. leiam todo, plis!

{}


aqui no elpais tem alguns detalhes da vida nababesca de eduardo cunhão e sua mulher, a "dona de casa" claudia cruz, mais a filha daniele, e eu copiei e colei aqui apenas a citação direta do que foi apontado como gasto da família cunha, e ficou essa poesia concreta:


Cunha gastou 42.258 dólares. O salário de Cunha em 2012 era de 17.794 reais por mês. há uma fatura de mais de 23.000 dólares. restaurantes de luxo, 6.000 reais. superou os 1.000 dólares. 2.327 dólares na loja Saks Fifth Avenue. 3.803 dólares na Salvatore Ferragamo. na Giorgio Armani (1.595 dólares) ou na Ermenegildo Zegna (3.531 dólares). voltava a gastar na Salvatore Ferragamo mais 1.175 dólares, 909 dólares na loja da Apple Store e 1.668 no restaurante francês Daniel. hotel no Hilton, 2.761 dólares. 10.000 dólares em hospedagem em três hotéis diferentes. Paris, 2.500 dólares em um restaurante; em Barcelona, 3.572 dólares em um hotel; Rússia, uma conta de um restaurante de 3.000 dólares. 5.400 dólares na loja de Chanel em Nova York; 730 dólares em um bar de Veneza; quase 6.000 dólares em Dubai. fevereiro de 2015 os extratos de Cunha somam 31.800 dólares. 7.700 dólares na loja de Chanel em Paris; mais de 4.000 dólares na loja Charvet Place Vendome; 2.646 dólares em Christian Dior e quase 3.000 dólares na loja de Balenciaga. 4.500 dólares em artigos da Prada, 3.536 dólares na Louis Vuitton de Lisboa e mais 3.799 na loja de Chanel em Dubai. cartão de Claudia somam 14.700 dólares. A filha de Cunha gastou mais de 42.00 dólares em lojas de luxo entre dezembro de 2012 e abril de 2014.

Tuesday, March 08, 2016

perguntas com respostas

 uma lista bem facinha, feita por jorge furtado. só falta ele desenhar!


Lula é o cara chato que cobrava propina da UTC? 
Não. Esse era o Aécio.
Lula recebia 1/3 da propina de Furnas?
Não. Esse é o Aécio também.
O helicóptero com 450 kg de cocaína era do amigo do Lula?
Não. Era do amigo do Aécio.
Lula comandava o estado que roubou 1 bilhão do metrô e da cptm?
Não. Esses são o Serra e o Alckmin.
Lula tá envolvido no roubo de 2 bilhões da merenda?
Não. É o Alckmin também.
Lula pegou emprestado o jatinho do Youssef? 
Não. Esse era o Álvaro Dias.
Lula foi o cara que montou o esquema Petrobras com Cerveró, Paulo Roberto Costa e Delcídio? 
Não. Esse era o FHC.
Lula nomeou o genro diretor da Petrobras?
Não. Foi o FHC também.
Lula é o compadre do banqueiro André Esteves? 
Não. Esse era o Aécio, de novo.
Lula é meio-primo de Gregório Marin Preciado, aquele que levou US$15 milhões na venda de Pasadena? 
Não. Esse é o Serra (aquele que a Lava a Jato apresenta com tarja preta pra imprensa).
Lula foi descoberto com uma dezena de contas no exterior, ameaçou testemunhas, prejudicou alguma investigação? 
Não. Esse é o Cunha, aliado da oposição.
Lula ameaçou empresários, exigiu 5 milhões de dólares, só de um deles?
Não. Esse também é o Cunha, o homem do impeachment da oposição.

O filho do Lula aparece na revista de milionários Forbes?
Não. É a filha do Serra...

Isso é para quem acha que Moro e turma querem combater a corrupção.

Monday, March 07, 2016

aprendendo a criticar melhor, pra poder apoiar melhor

sim, sim, sim, eu apoio lula. mas isso não é sinônimo de fazer um apoio a-crítico e de não aprender com as críticas fundamentais da oposição de esquerda (por enquanto ainda não aprendi nada com a oposição de direita brasileira, mas estou de olhos e ouvidos respeitosamente abertos).

por isso, é importante pra mim ler e seguir vozes discordantes da minha, não somente para aprimorar a crítica a lula e ao PT, como também para aprimorar o meu apoio.

compartilho com vocês portanto um trecho importante de um texto de alessandra orofino, publicado originalmente na página quebrando o tabu:

O governo PT, aliás, pouco ou nada fez para limitar esses abusos sistemáticos. Pelo contrário: foi Dilma quem criou a Força Nacional, à canetada, nos moldes da Guarda Pretoriana do Imperador romano César Augusto, outro grande personalista. E essa mesma Força Nacional já deu muita porrada em manifestante, além de ter ajudado a garantir a ocupação militar do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Na Maré ocupada, vale a Justiça Militar: cidadãos presos por desacato podem ser julgados por uma corte composta majoritariamente por militares de alta patente. Em outras palavras: conduta coercitiva na casa dos outros é refresco.

Mas essa mesma Maré é recheada de jovens que foram pra faculdade pela primeira vez pelo ProUni. Jovens que não tiveram que trabalhar antes da hora porque as mães receberam Bolsa Família. Jovens que são a face mais humana, real e inegável da política de inserção social promovida pelo mesmo governo petista. 

Agora, em nossa obsessão messiânica, corremos o risco de jogar fora as boas políticas de Lula, junto com o próprio Lula. Ou, pior: continuar salvando Lula - e Dilma - em detrimento de suas melhores políticas. 


para ler o texto completo de orofino, por favor clique aqui.

Saturday, March 05, 2016

não vai ter golpe de novo não



lula fichado no DOPS em 1980
DOPS significa departamento de ordem política e social
"ordem política"
não esqueçam






(infelizmente apenas em inglês)
chomsky fala sobre o papel da CIA no golpe de 64, nas manobras para impedir a governabilidade do presidente joão goulart, até que ele renunciasse ao cargo. soa familiar? pois é.





#naovaitergolpe

Tuesday, March 01, 2016

passando recibo pra adélia

tem uma piada que ricardo e william sempre fazem que eu morror de rir: adélia prado é que nem alanis morissette, a gente ama mas não fala disso em público.

é difícil amar adélia cegamente, como amamos outros autores, e declaramos nosso amor em público, porque adélia é católica demais, provinciana demais, branca demais, hetero demais. e isso aparece na poesia dela por meio de indicadores de raça, classe, sexualidade e gênero, que quase sempre são sutis demais para nos fazer surtar, mas que para mim não passam desapercebidos e me dão raiva. e às vezes ofendem. 





muitos críticos e uma infinidade de leitores apontam exatamente na dona-de-casice dela sua linha de força. e isso também é um problema, que limita a leitura de adélia e faz com que ela mesma dance essa dança, como ela diz às vezes "eu só tenho esse quadradinho através do qual posso olhar o mundo". é conversa mole de adélia, da persona adélia, porque é exatamente quando ela foge do mundano que ela se agiganta, pra fazer filosofia da mais doida e profunda, mas com o jeito simples de se dizer as coisas, escrevendo como quem tá falando. aí sim, adélia bota pra fuder.

enfim, hoje é assim que eu penso em adélia, pode ser que amanhã eu mude. todas as minhas contradições em relação a essa autora estão na nova edição do suplemento pernambuco, que vem com textos sobre toni morrison e virginia woolf, ilustras de karina freitas, carol almeida, carol mesquita, laura erber e luci collin, entre outrxs.



para baixar gratuitamente 
o pdf da edição de março do suplemento, clica na foto